domingo, 20 de dezembro de 2015

O Marco ! Um Marcos! Muitos Marcos!

Somos "quase todos Marcos"  neste sistema opressor de uma oligarquia embolorada e opressora. O episódio de grave ataque covarde ao professor de Educação Física da rede pública da cidade de Mocajuba (PA) e militante ativo dos direitos dos professores e professoras é, mais do que homofobia. É sintoma de um sistema de opressão que perdura por 120 anos em Mocajuba (PA) e vê em Marcos, e seus Marcos, os filhos, um opositor incansável e difícil de abater. O feito a seu primogênito Marcos, por conta de sua sexualidade, individualidade e vida privada, tem mira certa: o alvo é ação política do pai, mesmo que a arma seja a homofobia direcionada ao filho.





professor Marcos Lopes
reprodução




Antes de falar de Marcos Lopes, Mocajubano. Gostaria de lembrar de um outro Marcos. O sub-comandante Marcos - que se recursou a acreditar no "Fim da História".

Na década de 1990, surgiu no México, um movimento popular indígena diferente, os Zapatistas, cujo líder era conhecido pelo pseudônimo de “Marcos”, e mantinha uma mística estratégica – o rosto escondido por uma máscara. 

subcomandante Marcos
Movimento Zapatista
reprodução internet



O movimento ocupou vastas áreas no sul do México defendendo os direitos indígenas e das minorias. 



Os ataques a “Marcos” também eram frequentes, inclusive os de caráter difamatório. Dentre muitos ataques, um deles atestava que “Marcos” era gay. Como a questão sexual fosse um crime. E um crime tão grande quanto a usurpação dos direitos do indígenas e das minorias pelas quais ele lutava. 
Prática de homofobia. 



Esperávam que o efeito sobre ele fosse o de desmentir, afinal o lendário sub-comandante Marcos, másculo, viril, empunhando armas, poderia ofender-se... Algo assim, um tanto idiota.



Talvez seja Marcos, talvez não.
o sub-comandante Marcos, não precisa de rosto.


Pois bem, naquele momento, “Marcos” respondeu com o seguinte comunicado.


“Marcos é gay em São Francisco,
negro na África do Sul,
asiático na Europa,
chicano em San Isidoro,
anarquista na Espanha,
palestino em Israel,
indígena nas ruas de San Cristóbal
Judeu na Alemanha,
feminista nos partidos políticos,
comunista no pós- guerra fria
pacifista na Bósnia,
 artista sem galeria,
nem portfólio,
dona-de-casa sábado à noite em qualquer colônia de qualquer cidade de qualquer, México
machista no movimento feminista,
mulher sozinha no metrô às 10 da noite,
camponês sem terra,
um editor marginal,
operário desempregado,
médico sem lugar para trabalhar,
estudante não conformista,
dissidente no neoliberalismo,
escritor sem livros nem leitores e,
seguramente, zapatista no sudeste mexicano”



Pois bem, o nosso “Marcos”, mocajubano, com seu sangue mocajubense e cabano é uma das maiores lideranças da Educação de sua geração, e tem feito, ao lado de seus companheiros de sindicato uma trajetória de luta e muitas conquistas pela categoria. 




Ele diferente, do insurgente Marcos dos Zapatas, luta de cara limpa, sem máscara, (lembrando que a situação no México era de guerrilha), e ao lado de suas conquistas, tem sofrido toda a sorte de perseguição, abuso e atentados. 



Mas segue.
Armado pelo coração valente que carrega no peito.
Pela coragem.
Pela coerência.





Nosso Marcos,
Não ocupou grandes áreas físicas defendendo direitos, como o Marcos dos Zapatas.
Nosso Marcos, ocupou um espaço que era de uma velha oligarquia, e que tem que olhar de igual para igual e negociar, e cumprir a lei, e respeitar direitos....




Isso, essa velha oligarquia bolorenta não tolera.
Nunca tolerará.



Hoje, por exemplo, reivindicam o salário não pago pela prefeitura municipal de Mocajuba (PA). Que, com sua mídia fragmentária e produzida para enganar, fatiando informações, alardeou o pagamento do décimo terceiro dos profissionais da Educação, com pompa e circunstancia, como se isso fosse um favor. Uma dádiva. Uma benemerência de sua gestão.


Quando é apenas uma operação ordinária e obrigatória. O décimo terceiro é um direito de qualquer trabalhador e trabalhadora e, no caso em tela, garantido pelos repasses do governo federal – religiosamente.





Pois, bem. Na tarde de ontem, um perfil falso, de nome Daiane Sabba, com uma foto de uma mocinha loira, branca e de rosto “angelical”, que estava no ar a um certo tempo e notabilizou-se por ataques a oposição do atual governo, já tendo sido alvo de ocorrências policiais em episódios anteriores por ataques violentos a vereadores mocajubenses – atacou ao professor Marcos Lopes, e aos seus filhos. 

Marcos Antônio, filho, Anita Lopes, mãe, Marcos Lopes, pai.


Marcos é casado com a também professora Anita Lopes, e possui três filhos – todos “Marcos”. Todos criados em Mocajuba (PA) e hoje estudando na capital do Pará. Educação Física, como o pai, arquitetura, e ensino médio. 
os Marcos, do Marcos.


Marco Antônio, o primeiro Marcos, participou de um projeto chamado "Chicos", que com nu artístico visa produzir elementos de combate a homofobia em âmbito internacional. Distorceram o projeto e usaram as fotos indevidamente, como se fosse algo banal e rotineiro criando inclusive um falso contexto para as imagens.



Sim. 
Isso é algo que da vida privada, que pontua no entanto sua identidade. E está no âmbito do individual, que não resvala na questão pública.
Usar a intimidade para constranger uma liderança é apelar para os piores meios, dos mais terríveis sistemas.

 
Marcos, o pai, e um de seus Marcos, o caçula.



O post do falso perfil não apenas tratou a questão da sexualidade de Marcos, o “ Marquinhos”,  de forma homofóbica. 


Não.


O perfil também questionou a sexualidade do professor, insinuando inclusive um caso com um vereador mocajubense. 
Não. 
Não foi apenas isso.





O falso perfil também fez acusações gravíssimas sobre outro filho de Marcos, o segundo “Marcos”. E segue com um repertório de impropérios sobre a família do insurgente  professor.





Definitivamente, não se trata apenas de uma caso gravíssimo de homofobia, trata-se antes de tudo de um crime político, através de um expediente comum na cidade, o uso de falsos perfis para atingir adversários. 





Há uma grande lista de tais perfis. 
É acima de tudo, o uso do constrangimento, da difamação, da exposição da vida privada para calar opositores e opositoras. 
[...] Para impedir o debate democrático.
[...] Para frear a democracia
[...]Para manter o domínio de uns poucos
[...] O modo operandis de lidar com a democracia, da oligarquia mocajubense.





[...] Ou parte dela.




Diante disso, algumas perguntas  precisam ser feitas em Mocajuba (PA) e todo cidadão de bem, precisa refletir sobre o tema.





o terceiro Marcos, Marcos Cristhian
reprodução facebook


1.      Quem poderia ter interesse em difamar e constranger Marcos, e seus Marcos?


2.  Aqueles que se sentem donos do poder em Mocajuba (PA) sempre constrangeram as minorias mocajubenses, seja roubando seus direitos trabalhistas, suas terras, sua produção, sua liberdade?

2.1.Quem já ouviu falar do cercado que separava brancos e negros na cidade?

 2.2. Quem presenciou preconceitos de toda sorte na cidade, inclusive de espaços? 
    Aquele pessoal "lá de trás"... Lá para trás acontece de tudo? 
   Isso, mesmo, os preconceitos são tão presentes, que até o lugar da cidade que moramos é motivo para preconceitos. Sempre velados, como o preconceito contra negros. Ou ainda o preconceito contra gays. Muita gente finge que não existe ou que não age de forma preconceituosa, simplesmente porque sabe o quão é vergonhoso. 
E criminoso. 
2.3.E até quando isso será tolerado? 



    Tiraram nossa cerquinha que separava brancos e negros. Mas carregam-na nas mãos, e sacam dela, não apenas para negros.




Sacam-na contra pobres.
Sacam-na contra moradores e moradoras das periferias,
Contra ateus,
Contra umbandistas
Contra mães solteiras
contra moradores do "sítio"
Contra gente muito magra,
Contra negros
Contra gays
Contra insurgentes.







3. Será o caso dos “Marcos” uma questão política encravada na história do domínio de uns poucos da cidade ? 3.1. Ou um caso fortuito de crime de homofobia?

3.      Marcos Lopes, o pai - é um indivíduo com identidade definida na sociedade mocajubense, liderança e formador de opinião. 3.2. Porque justamente ele, o sindicalista, combativo, professor atuante pelos direitos dos seus iguais? 








Todos os regimes opressores usam do expediente da difamação para constranger seus opositores. Os mestres neste campo foram os regimes fascistas e nazistas.





opressãonazifacista
http://opressaonazifascista.blogspot.com.br/



Machistas, racistas, opressores, sexistas, e autoritários...

Racistas, machistas, autoritários, sexistas, opressores,

Opressores, sexistas, autoritários, machistas, racistas...


Eu já fui vítima deles.
E serei ainda.
Eu sei.


Virei Matinta Perera pelos ouvidos cegos daqueles que não sabem que a firmeza de propósito é maior que o preconceito. 
Que o preconceito de classe. 
De espaço.
De cor. 
De cabelo. 
De sexualidade.






Marcos Lopes, e Marcos Antônio Lopes
reproduçãofacebook



Todos servem a um mesmo fim. 
Oprimir. 
Pois a opressão existe também em democracias frágeis como a nossa.
Ela é o efeito negativo que é experimentado por pessoas que são alvo do exercício cruel do poder.
Tal como Marcos.







Nossa questão é[...] até quando suportaremos.
Não suportamos mais.
O ataque a Marcos, é um marco da história da cidade.
Uma velha oligarquia embolorada e parasitária que não sabe agir de forma republicana.
Um novo tempo está por vir.
Mas ele já descortinou.



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